PRESENTE DE NATAL


Ante a proximidade dos festejos natalinos, a maioria dos envolvidos angustia-se pelo dar algum presente. E todos procuram reservar parte dos seus ganhos de final de ano para as inevitáveis compras, buscando atender o forte apelo de consumo desses dias festivos.
Não raro, alguns iniciam o ano novo com sérios problemas de endividamento, considerando que foram pródigos além da conta, gastando mais do que ganham, o que leva desequilíbrio à balança financeira dos invigilantes.
Outros, mais prudentes, se contentaram em ofertar apenas pequenos mimos, os enquadrando dentro do apertado orçamento de que são detentores.
Entretanto, para milhares de crianças seduzidas pela magia do Natal, não haverá qualquer tipo de oferta material à título de brinquedo, pois que órfãos de pai e mãe, ou mesmo os tendo ao lado, dividem um lar paupérrimo, assinalado pela pobreza ou miséria extrema, bem como alguns desses genitores, vítimas das injustiças sociais deram-se ao vício do álcool ou das drogas destruidoras, impondo aos filhos menores aflitiva carência de tudo, bem como lançando sobre a parceira desesperadora carga de trabalho, na manutenção solitária do lar e da imensa prole.
Para todos eles, o Natal é apenas um sonho distante, tão fugidio como a estrela que o anuncia.
Ela surge no céu e logo desaparece, tragada pela escuridão da noite.
Pensando nesses nossos irmãos que nada vão ganhar e na angústia dos que querem ofertar alguma coisa, mas não podem, imaginamos alguns amigos em pensamento coletivo que bem poderíamos fazer um Natal diferente, onde a maior dádiva não fossem os transitórios brinquedos que se esfacelam nos primeiros dias de janeiro.
Seria um Natal de Jesus, onde a nossa maior oferta fosse pactuar com Ele a esperança de dias melhores, trabalhando para efetivar uma sociedade mais justa e solidária. Então, teríamos a seguinte lista de preceitos para o novo Natal:
Em vez de dar presentes, estaríamos mais presentes em casa no dia do nascimento D’Ele.
Em vez de carrinhos de plásticos, levaríamos em nosso carro uma criança analfabeta à escola pública, retirando-a da ignorância em que foi lançada pelo descaso da família ou indiferença da sociedade.
Remeteríamos a um abrigo uma cesta básica farta, que pudesse diminuir a tensão daqueles que tomam conta de idosos carentes ou crianças em orfandade.
Disporíamos de tempo para levar breve sorriso a um educandário onde se demoram meninos e meninas em condições de excepcionalidade, afastadas da convivência comum por serem diferentes.
Em vez de bonecas custosas, a repetirem palavras gravadas, reuniríamos a meninada para uma cantata de Natal, ensinando a boa música aos lábios miúdos e improvisando na noite que o homenageia um coral de pequenos anjos terrestres.
Em vez dos intragáveis panetones industriais, que muita gente finge degustar para depois lançar fora, ofertaríamos a alguém em dificuldade o pagamento de suas contas de água e luz, evitando com gesto tão simples que um lar entre em sombras no mês do Natal ou escasseie nas torneiras de casa o líquido precioso.
Em vez de iguarias importadas ou vinhos de alto custo, buscaríamos promover a educação de uma criança sem material escolar ou mesmo ofertar uma máquina de costura e seus utensílios, bem como apetrechos de confeitaria a uma “quituteira”, brindando-lhe com uma oportunidade de libertar-se do ócio, retonando ao mercado de trabalho com modesta renda.
E na área dos sentimentos, permutaríamos nesse novo Natal:
Hipocrisia por sinceridade.
Algazarra por instantes de prece e silêncio interior.
Gargalhadas sem nexo por um sorriso fraterno.
Fingimento por autenticidade.
Egoísmo por humildade.
Avareza por desprendimento.
E quando soasse a hora do nascimento D’Ele, reuniríamos a família em torno da mesa, articulando uma oração ungida de alegria e esperança, não mais acolhendo os mitos ainda tão do agrado das massas sem reflexão, que insistem em esquecê-Lo. Nós o traríamos de volta ao dia do seu Natal, tornando sua festa natalícia um hino de serviço ao bem e um poema de amor ao próximo.
 
                                                                                                                                                              Marta

(Página psicografada pelo médium Marcel Mariano em 14.05.2012, em Salvador/Ba.).


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